sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Efemérides

Faz hoje 3 anos que estou em Londres! Lembro-me bem nas despedidas chorosas no aeroporto e de ser recebido em Gatwick pela Margarida e pelo Chris. Na altura tinha o blog alojado no Sapo e estas foram as primeiras impressões que lá escrevi.
O primeiro ano na residência foi provavelmente o mais divertido da minha vida; o segundo começou com o desafio de trabalhar no estrangeiro e partilhar casa com amigos, mas terminou num pico de desânimo e alguma solidão. Nada acrescento aos balanços que já aqui fiz em 2005 e 2006.
Do terceiro ano posso congratular-me com duas grandes conquistas: o pontapé na "crise" através de uma atitude mais dinâmica (coro, cursos, novas caras, novo emprego, nova casa...) e o namoro com a Maria que hoje perfaz 5 meses.
Mas 3 anos de céu cinzento e um trabalho que não me satisfaz fizeram-me decidir voltar para casa. Antevejo alguns riscos, sobretudo a dificuldade em encontrar trabalho em Lisboa e o namoro à distância, mas acredito mesmo que com um pouco de sorte no primeiro e muito empenho no segundo tudo vai dar certo. E já só faltam 6 semanas.
Também hoje faz anos um grande amigo. Nascemos com 10 dias de diferença e já levamos 15 anos de amizade! E hoje bem me apetecia celebrar contigo numa bela jantarada no teu terraço. Parabéns, Vasco!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A chave, a chave!

Não tive nenhum encontro de terceiro grau com a "amiga Olga"*, apesar de ter passeado pelo Porto. Mas o lendário grito "a chave, a chave" ecoou na minha cabeça quando no domingo à noite ia com o Pedro a caminho do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Como já estou no processo de esvaziar a casa, tinha levado de Londres um saco com roupas que já não preciso, e tinha posto lá dentro tudo o que tinha nos bolsos antes de passar no detector de metais em Stansted. Depois lembrei-me de tirar tudo o que precisava, menos... a chave! Aliás, as chaves de casa, do cacifo do emprego e dos cadeados da bicicleta. E quando dei por isso já o saco tinha viajado até Lisboa e eu estava a poucos minutos de levantar vôo do Porto para Londres. Aaaargh!!!
A primeira coisa que me ocorreu foi que não podia aparecer no emprego na manhã seguinte de calções e ténis, que era a única roupa que tinha comigo. Telefonei ao Eduardo e apareci em casa dele para dormir às 2 da manhã, com o benefício de ter roupas emprestadas para ir trabalhar. Chegado ao emprego, o senhor que guarda o prédio tinha uma chave mestra para todos os cacifos, por isso consegui tirar o portátil e papéis que precisava. A meio do dia, encontrei-me com a senhoria e fiz outra cópia das chaves. Entretanto, a Mãe tinha mandado as chaves pela DHL e passadas 24 horas já me chegaram às mãos. Afinal tudo se resolveu mais depressa do que imaginava, e sem maior transtorno que o gasto de uns quantos euros.
Mas não pude deixar de reparar nos vários elogios que ouvi quando apareci com roupas emprestadas. "You look very smart today!" Será que as minhas roupas são demasiado informais?
* Para os mais chavalos ou deslembrados, havia nos primórdios da TVI um concurso apresentado pela Olga Cardoso, em que os concorrentes tinham de escolher entre a chave de um cofre com um prémio incerto e uma quantia em dinheiro - daí os gritos histéricos do público "a chave, a chave!!!", ou "o dinheiro, o dinheiro!!!"

O esférico rolando sobre a erva

Reparem no estilo possante deste jovem, a caminho do golo que há muito lhe escapava no derby anual dos Mesquitas. Eh eh...
É verdade, fui mais uma vez a Portugal, desta feita para o encontro da família da minha mãe. Sábado juntámo-nos 153 descendentes do meu avô, em Famalicão. Para quem só agora sintonizou este canal, o meu avô teve 17 filhos e muitos deles foram também abundantes na prole, de modo que hoje somos mais de 200! O meu tio mais velho tem 83 anos e a mais nova tem 33. Entre os primos direitos, a mais velha tem 59 e há dois que ainda estão nas barrigas das mães!
Este encontro repete-se todos os anos, e já por si é um feito conseguir reunir no mesmo dia 3/4 do universo possível - significa que as pessoas gostam de se ver, pelo menos uma vez por ano! É também motivo de orgulho que a família continue a ser essencialmente católica - quase todos chegam para a missa que dá início ao dia e há até um coro de primos. Depois, saliento o esforço que tem havido ultimamente para dinamizar os contactos e divulgar histórias dos nossos antepassados; eu tenho-o feito através do site, que tem muito a melhorar.
É giro ter uma família grande e reconhecer traços comuns entre primos. É estranho vê-los só uma vez por ano, mas já que são 54 primos direitos e quase todos vivem no Norte, dificilmente poderia ser de outra maneira. Posso pelo menos gabar-me de conhecer quase todos os 200 pelo nome!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sala de visitas

Como o estúdio é muito exíguo, o jardim faz a diferença. E fiquei bastante orgulhoso da volta que lhe dei no sábado passado. Arranquei as ervas daninhas que ocupavam metade do espaço e que ocultavam pás e vassouras debaixo, para além de várias espécies de vermes. Limpei o chão de beatas e ficou tudo com muito melhor aspecto!

É impressionante como as casas cá (pelo menos em Londres) são tão descuidadas! No andar de cima apareceu um rato esta semana. Com a quantidade de tralha, restos de comida e falta de limpeza, não é de admirar. Ao menos no meu estúdio quero dar um exemplo de asseio e deixá-lo bem melhor do que o encontrei.

Voltando ao jardim, é pena que agora anoiteça mais cedo e já faça mais frio, porque não dá para aproveitar tanto o espaço exterior. Mas no domingo aproveitei para convidar o Eduardo e a Anne para tomarem brunch comigo e com a Maria, e servi no jardim o típico English breakfast com toda a fritanga a que dá direito! Também já cozinhei para amigos indianos e colombianos. Quero aproveitar este meu espaço para convidar amigos e fazer experiências gastronómicas - o gaspacho foi um sucesso! E já estou a planear um sábado de festa para comemorar os meus anos daqui a 2 semanas - os leitores londrinos podem ir marcando o dia 6 de Outubro nas agendas!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Random

Random friends é uma expressão que uso com a Maria para designar aquelas pessoas que encontramos aleatoriamente numa ocasião mas que nunca mais vamos (ou queremos) ver. Como o lema nas festas aqui é "traz outro amigo também", o que multiplica os convidados vindos ninguém-sabe-donde, estamo-nos sempre a deparar com os tais random. E se antes até achava piada a conhecer gente nova e fazer aquela conversa quebra-gelo, ultimamente já não tenho muita pachorra. Sobretudo quando vai soando a contagem decrescente.
Também "random" tem sido a minha relação com os colegas de emprego. Tirando o Rodrigo, com quem almoço mais vezes, nenhum dos meus colegas me suscita especial interesse. Não sei se é consequência de não termos qualquer convivência fora do expediente, mais provavelmente será a causa. Mas na semana passada houve um "Away Day", o dia em que toda a equipa se junta fora do trabalho para avaliar o trabalho feito e lançar os próximos objectivos. Tudo em traje desportivo e no meio de "dinâmicas de grupo", para fomentar o espírito de equipa. O dia foi proveitoso em termos de motivação, mas melhor ainda foi o que se seguiu: o director levou-nos ao pub e ofereceu a primeira rodada, devíamos ser uns 15 na altura. O grupo foi-se reduzindo até ficarmos só os 7 da fotografia, mas as rodadas multiplicaram-se: 5 pints e 8 shots. O director (34 anos) e a minha chefe (29) estavam divertidíssimos, e pela primeira vez despiram o ar de durões. Já entornada, a minha chefe dizia que não gostava de ter de ser tão chatinha connosco e eu aproveitei para lhe contar que me ia embora em Novembro. Questionámo-nos porque nunca tínhamos saído juntos antes e ficou combinado fazêmo-lo todas as semanas. Mas isso já seria exagero! E também ninguém se vai lembrar da promessa até ao próximo Away Day. Foi muito giro, mas já estou cá há tempo suficiente para perceber que foi apenas mais um momento random e efémero. Tão efémero como o fogo de artifício com que o Mayor de Londres nos brindou no passado domingo...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Os Lobos


Não consigo gostar de rugby - aliás, ontem foi a primeira vez que assisti a uma partida inteira. Mas o feito de a selecção portuguesa ter chegado ao Mundial, sendo a única composta por amadores, chamou-me a atenção. Mais ainda quando descobri entre a nossa equipa o João Correia, que conheço da Costa há muitos anos (confesso, eu frequentava o "Bar do Rugby").
Ontem, com mais amigos portugueses, estivemos 80 minutos frente à Sport TV a sofrer com os nossos heróis. O resultado acabou por não ser tão mau como a diferença entre as equipas anteveria, e conseguimos dominar durante algum tempo, mas a imagem que vou reter é a dos nossos rapazes a cantar o hino, a plenos pulmões e de lágrimas nos olhos. Eu sei que o patriotismo não se mede (só) no desporto, mas naquele momento senti eu também, com eles, a honra que é envergar as cores do nosso País.

A minha casinha

Mostro-vos as primeiras imagens do estúdio onde estou a viver há uma semana.
Só ontem consegui pôr as coisas à minha maneira! Na semana passada cheguei sempre tarde a casa e não tive ocasião para arrumar nada até ontem. Além disso, aproveitei o fim-de-semana para comprar algumas coisas que faltavam: talheres, torradeira, balde do lixo, etc. Mas o melhor de tudo foi finalmente ter a oportunidade de tomar o pequeno-almoço no jardim!
A casa pouco mais é que quarto paredes: numa delas está a cama, a secretária e o armário; noutra, uma cómoda com a televisão, que apanha os canais com muita chuva; noutra a cozinha que vêem em baixo; na última, a porta para o jardim e um sofá muito baixinho, que se desdobra em cama. Numa das esquinas há um corredor mínimo que dá para a porta de saída, a casa-de-banho (lavatório e poliban) e o wc (só retrete).
Fora isto, há uma mesa e uma cadeira de metal, que eu deixo no quintal, tal como uns ferros que servem para secar a roupa.
O quintal está mal cuidado, mas nem eu tenho muito jeito para a jardinagem nem os 2 meses de estadia justificam grandes trabalhos.
O que me está a chatear é não ter internet em casa - a senhoria tinha garantido que a casa tinha, mas até à data népias, e todos os dias a andamos a pressionar. Precisamente na mesma altura, bloquearam no emprego o acesso a emails pessoais. A solução de recurso foi inscrever-me na biblioteca que fica ao pé do meu trabalho e dar lá um salto na hora de almoço. À noite posso ir a um pub ao lado de casa que tem rede wireless. E quando me apanho numa casa com internet, faço o meu sorriso 33 e peço "posso só ver os meus mails?" (e já agora saber o que fizeram os McCann nos últimos 10 minutos?) É o que dá o vício...

sábado, 8 de setembro de 2007

Viajar

Há meses ou anos que tinha esta ideia na cabeça, para marcar em grande a transição de Londres para Lisboa. Agora, já com os bilhetes de avião comprados, torna-se bem mais real: parto a 19 de Novembro para São Paulo e só regresso a Lisboa a 13 de Janeiro.


Entre as 2 datas, visito o sul do Brasil, os bairros de Montes Claros, atravesso o Pantanal, cruzo a Bolívia, entro no Peru pelo Lago Titicaca e subo até Machu Picchu, dou um pulinho a Lima, desço até ao deserto de Atacama, já no Chile, depois até Santiago, Buenos Aires, passo o fim de ano no Rio e uns dias em Búzios.


Vou encontrar vários amigos latinos, mas mais de metade do tempo vou estar por minha conta - um desafio acrescido! E vai ser MUITO bom.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Praia da Luz

Há uma semana estava lá eu a banhos e tudo parecia bem calmo, sem jornalistas à vista. Até deu para o meu sobrinho-in-law brincar na praia com os gémeos McCann...
Nos últimos dias fui lendo na imprensa de cá acusações aos media portugueses, por estarem a colocar as suspeitas sobre os pais. Hoje as coisas ficam ainda mais tensas, a mãe torna-se agora arguida e a história fica cada vez mais estranha. Será que se vai desvendar o mistério?
Adenda de sábado:
É verdade que a exploração do caso pelos media é um bocado doentia, como tantos outras notícias antes. Mas confesso que tenho seguido tudo atentamente, talvez por estar em Inglaterra e a notícia do momento se passar em Portugal.
Hoje ao almoço o assunto veio de novo à baila. Estava com um grupo de indianos, familiares e amigos da Nayan. E eu era o que tinha estado na Praia da Luz há dias, lembram-se? Mas acontece que o namorado da Nayan trabalha com a namorada dum dos jornalistas ingleses que estão a cobrir o assunto. E acontece que uma amiga da Nayan tinha sido convidada pelo Fundo Madeleine para desenhar o novo site da campanha, por isso tem contactado bastante com pessoas ligadas à família. Não vou aqui escrever publicamente o que eles contaram, mas houve uma ou outra cusquice interessante... Ainda que nada, obviamente, que ajude a descobrir o essencial.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Despedidas luso-colombianas

Antes de ir de férias, houve tempo para dois jantares de despedida. Foram os únicos momentos bons no meio de uma maratona de mudanças! A ideia de levar tudo "às costas" de uma casa para a outra, apesar de a distância ser pequena, esgotou-me as forças e fez-me aguentar 3 dias com apenas 3 horas de sono no total. Fiquei a sentir-me muito casmurro por não ter posto tudo num táxi, como faria qualquer pessoa normal.
Mas vamos aos jantares. Na quinta-feira 23 foi o último jantar em "67 Mayford", a casa antiga. Tinha acabado de assinar o contrato do novo estúdio e já tinha transportado parte das coisas com as minhas amigas colombianas, Carolina e Catalina, que vão continuar a viver no mesmo prédio que eu, dois pisos acima. Mas achámos por bem aproveitar a cozinha limpa e arrumada da casa antiga para um último jantar. Isto porque o meu estúdio estava um amontoado de tralhas e a cozinha que elas partilham com outras 3 pessoas estava um nojo.
Comprei vegetais para saltear com peru e arroz, e não podia faltar o vinho verde que sempre nos acompanhou naquela casa. Ficam aqui as fotos da praxe, ainda que desta vez tiradas com o telemóvel e por isso de pior qualidade.
Ainda hei-de contar quantos convidados passaram por esta mesa, com direito a foto tirada sempre do mesmo sítio. A mesa era o lugar da casa que os assíduos do blog reconheciam logo, quando me visitavam. Agora tenho de puxar pela imaginação para receber os convidados, dado que no estúdio não cabem mesa e cadeiras...

No dia seguinte foi altura de me despedir da Marcela Tobon. A irmã da Catalina, que chegou a dormir lá em casa nos primeiros dias, já terminou o seu Master (LLM) em Direito e agora voltou para a Colômbia para retomar o trabalho. E para terminar em beleza, recorremos uma vez mais à gastronomia sul-americana: já tínhamos experimentado brasileiro e peruano, mas deixámos para o final o restaurante colombiano de Elephant & Castle (La Bodeguita). O mais divertido é que parecia que tínhamos entrado em território colombiano, de tão autêntico era o lugar e a sua clientela. Enquanto apreciávamos um ceviche de camarão (ela) e uma bandeja paisa (eu), já estávamos rodeados de gente a dançar salsa.
A Marcela deixa saudades, mas já deu para perceber pelas restantes amizades inter-continentais que mais cedo do que pensamos nos voltaremos a encontrar!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Últimas férias

Acabo hoje a última semana de férias, que marca o início do último período em Londres.
Foi uma semana com muita praia, entre a Costa da Caparica e a Praia da Luz. Aqui estive na óptima companhia da família da Mary e até entrei na tradição do "banho da meia-noite" no dia 30; só não encontrei os McCann...
Foi também uma semana de muitos encontros: com o Pedro e família na Vermelha; com alguns amigos MSV num fondue improvisado, e outros MSVs na praia; com o Vasco num churrasco numa excelente noite de Verão, a pedir conversa até às 5 da manhã; com a Ana Sofia e amigos da Faculdade na Lagoinha; com o Diogo que parte hoje para nova vida em Macau.
Mas agora é hora de regressar a Londres. A vontade é quase nula, mas estas 10 semanas vão passar num instante. Ao décimo fim-de-semana, provavelmente a 10 de Novembro, regresso de armas e bagagens. Até lá, passo um no Porto, outro em Lisboa e outro em Berlim.
Vai ser o tempo para gozar os últimos cartuchos da cidade, consolidar ainda mais o namoro, dar o tudo-por-tudo na procura de trabalho em Lisboa e preparar a viagem pela América do Sul, para a qual vou comprar os bilhetes já esta semana. E são razões mais do que suficientes para ir mais bem disposto!