domingo, 24 de outubro de 2004

Os Diários de Che Guevara



The Motorcycle Diaries is the story of two young men who leave on an adventurous journey throughout an unknown continent, and this journey of discovery becomes one of self-discovery as well. This is a film about the emotional and political elections we have to make in life. It’s also about friendship, about solidarity. Finally, it’s about finding one’s place in the world, one that is worth fighting for.
Walter Salles, realizador

Em 1952, Ernesto Guevara tem 23 anos e estuda medicina. Quase no fim do curso, deixa a sua casa em Buenos Aires para seguir numa viagem com o amigo Alberto Granado. Os dois partem de mota para realizar um sonho comum: explorar a América Latina. O mapa de viagem leva-os de Buenos Aires à Venezuela, passando pelos Andes, pelas costas do Chile e pelas ruínas de Machu Picchu até Caracas. Mas a viagem torna-se mais do que uma descoberta geográfica e conduz os dois amigos numa grande odisseia de descoberta interior. Os dois começam a questionar o valor do progresso dos sistemas da época, que exclui tantas pessoas, e ganham uma consciência de justiça e uma vontade de mudar o mundo para melhor.
Público, Cinecartaz

Ao longo do filme, vieram-me várias vezes à memória as experiências e pessoas que me alargaram os horizontes nestes últimos anos, e assim me ajudaram a definir melhor (embora ainda não definitivamente) qual é o meu lugar no mundo.
Lembrei-me da minha Mãe, que quando eu fui para a Universidade me incentivou a que eu começasse a fazer algum voluntariado, e do meu Pai que tem sido nos últimos anos um exemplo de dedicação aos mais pobres.
Lembrei-me das crianças da Ajuda de Berço, que visitei durante um ano, e que me mostraram que, mesmo nas situações mais difíceis, uma criança é sempre um pouco de esperança que cresce no mundo e apenas pede para ser amada.
Lembrei-me do impacto decisivo que tiveram os 3 projectos de Verão que fiz com o MSV, dois em Vaqueiros e um no Brasil. As duras vidas dos algarvios, as mãos marcadas pelo trabalho no campo e os corações lá longe, junto dos familiares que tiveram de partir à procura de uma vida que Portugal, ou pelo menos a Serra, não lhes podia dar.
Lembrei-me do Emanuel e do Miguel, com quem acompanhei durante o último ano os sem-abrigo da Baixa, e de como um simples aperto de mão e uns minutos de conversa podem realmente fazer a diferença, na vida deles e na nossa. E da Mafalda, que resolveu fazer disso (e muito mais, claro) a sua vida.
Lembrei-me do Prof. António Barreto, que, perante as dúvidas que eu punha quanto ao meu futuro depois de acabar o curso, me sugeriu que "pegasse na mota" e fosse conhecer o mundo, e que escreveu uma das cartas de recomendação que me ajudou a chegar onde estou agora.
E, claro, de todos os "Albertos Granado" com quem tenho partilhado estas viagens, projectos e conversas. É sempre melhor crescer com mais alguém!
Não tenho certamente a importância histórica (goste-se ou não dele) de um Che Guevara, mas, como ele, posso dizer que, depois de ter visto algumas das dores deste mundo, "eu já não sou eu. Pelo menos não sou o mesmo que era."
E é isso que aqui me traz. Aprender para poder mudar alguma coisa em Portugal, vamos ver aonde e como... Mas sempre ao serviço dos mais fracos, ao serviço da vida.
Hasta la justicia, siempre!

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